Por Ivanaldo Mendonça – A busca pela felicidade permeia a existência humana. Esta busca pode ser comparada a um caminho; montes, planícies, relevos, vales, campinas e vegetação compõem o pano de fundo no qual, cada pessoa, ao longo da vida, escreve sua história, deixando marcas e sendo marcada. Mais que sensação ou emoção, felicidade é experiência continuada; mais que ato isolado, sua busca é atitude; sua posse não depende de compra e venda, acontece na gratuidade. Nada a ver com aparência, tudo a ver com essência, invisível aos olhos, mas presente, existente.

Na paisagem, montanhas e vales merecem nossa atenção, pois, podem ser comparados a duas atitudes humanas no caminho da busca pela felicidade. Na montanha, temos uma vista privilegiada, encantadora, sensação de poder e superioridade. Esta atitude desconsidera, porém, que a história da vida acontece no chão da realidade, no dia-a-dia. Os que insistem em ficar nas alturas bastam-se a si mesmos, mandam, desmandam, fazem e desfazem. Insensíveis à realidade, tomados pelo orgulho e vaidade, afastam-se da felicidade.

Vales e buracos podem ser comparados à depressão, entendida, para além do diagnóstico dos especialistas, como uma atitude, um jeito de ser. Os que vivem no buraco adotatm postura de autodestruição, tomados pela baixa auto-estima, desânimo, desconfiança e insegurança, afastam-se da felicidade. Na eterna condição de vítimas, sujeitam-se a tudo, em troca de migalhas de atenção e carinho.

Quem busca, de fato, a verdadeira felicidade, procura a terra firme, lugar mais adequado para atingir tal propósito. Terra firme é sinônimo de realidade, onde, em meio às pedras, tropeços, quedas, vitórias, alegrias e derrotas, a felicidade deixa de ser sonho e acontece.

Em terra firme, somos chamados ao combate, ao enfrentamento das situações, de forma madura e equilibrada. Em terra firme vislumbramos o horizonte e temos condições de caminhar em sua direção.

No processo de busca pela felicidade, é necessário assumir a atitude consciente, livre e responsável de aplainar os caminhos. Aplainar o terreno, remover dificuldades, superar obstáculos, aprimorar, polir e educar significa abraçar e transformar a realidade. Nem por baixo, nem por cima, alinhado; nem soberbo, nem deprimido, em pé; nem algoz, nem vítima, protagonista da história.

A felicidade está ao alcance de todos. O que assume a desafiante proposta de se deixar aplainar, de aplainar os caminhos, abraça a felicidade e, mais do que isso, permite-se ser abraçado por ela.

Ivanaldo Mendonça
Padre, Pós-graduado em Psicologia, Coaching
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